Da Redação
O isolamento social, uma das alternativas contra a pandemia do Novo Coronavírus (Sars-CoV-2), causou mudanças rápidas e radicais na área da educação. O ensino remoto, por exemplo, tornou-se uma realidade em todos os níveis escolares. Entretanto, nem todos estão preparados para os ajustes comportamentais e profissionais a fim de atuar neste processo de ensino atual. Segundo uma pesquisa do Instituto Península, aproximadamente 83% dos professores brasileiros ainda se sentem pouco ou nada preparados para o ensino remoto e 55% dos professores declaram que gostariam de suporte emocional e psicológico.
As dificuldades que os docentes apresentam quanto ao ensino mediado pela tecnologia indicam o limitado preparo destes para utilização das Tecnologias da Educação (TICs) e EaD dentro das instituições, o que impacta, de forma brusca, o processo de ensino-aprendizagem. Segundo Karla Sousa, pedagoga, Professora Adjunta do Departamento de Educação II do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Maranhão, “é necessária a promoção de uma educação para as TICs que seja permanente, e de modo que docentes e discentes entendam seu uso de forma adequada e qualitativa, para que possamos ter um real processo de ensino-aprendizagem”.
A psicóloga e Coordenadora Pedagógica da DINTE/UFMA, Patrícia Machado, afirma que é normal surgirem diversas dificuldades ao sair da zona de conforto. Entretanto, isso pode provocar um intenso estresse, desencadeando até um quadro de sofrimento psíquico, como a ansiedade. Dessa forma, é preciso encontrar um ponto de equilíbrio para lidar com a situação e internalizar os novos conhecimentos. Aos poucos, estes irão se tornando mais familiares, principalmente no que diz respeito a novas estratégias necessárias para a efetivação do ensino remoto.
Em um contexto de transformações constantes, as pessoas precisam desenvolver vários tipos de atividades, sendo cobradas o tempo inteiro. Segundo Patrícia Machado, o esforço físico e intelectual ocasionado pelo cenário atual pode levar ao surgimento de sentimentos de irritabilidade, desesperança e tristeza. Estes podem ainda ser acompanhados de estafa física e mental, muitas vezes causando impotência para dar continuidade às tarefas. “Desta forma, essas situações podem ocasionar o desencadeamento de quadros de sofrimento psíquico e, em alguns casos, resultar em conflitos familiares, violência doméstica ou negligência com aqueles que são incapazes para a realização do autocuidado”, conclui a psicóloga.
O ensino remoto também afeta os alunos, que em seus estudos quer em seu aspecto psicológico. Por não conseguirem se concentrar ao estudar em casa ou se desligar das possibilidades externas que o ambiente domiciliar proporciona, perdem o foco nas aulas. Isso acaba prejudicando o aprendizado do conteúdo, trazendo outro grande desafio para o sistema educacional: a evasão escolar. Para combater o aumento deste, índice é necessário “ter um bom planejamento didático-pedagógico em termos não só de docência, mas em sentido mais amplo: um planejamento institucional que tenha ações para a diminuição da evasão, seja no ensino presencial, remoto ou na EaD”, afirma Karla Sousa.
As entrevistadas ainda dão dicas para as pessoas que estão tendo dificuldades em adaptar-se às aulas a distância. Segundo a pedagoga Karla, além de manter uma rotina de trabalho, respeitando a carga horária estabelecida, também é necessário se planejar, a fim de cumprir todas as tarefas, visto que aula on-line requer autodisciplina. Já a psicóloga Patrícia afirma que, quando necessário, é preciso pedir ajuda, “seja para um familiar, amigo ou mesmo um profissional. Outra possibilidade é buscar ajuda em grupos de apoio on-line ou atendimento individual”. Por fim, sugere técnicas de respiração e alongamento, antes de iniciar as tarefas escolares ou profissionais.
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