Com o tema “A pandemia de covid-19 e a desigualdade social” foi realizada nesta quinta-feira, 17, um webinário que integra os vários já realizados pelo projeto Saúde Para Você, que tem por objetivo a aquisição de conhecimentos ao corpo docente e de técnicos-administrativos da UFMA, aos profissionais do Hospital Universitário e aos discentes por meio da educação em saúde e da educação permanente em saúde.
Roberto Medronho é médico epidemiologista, doutor em Saúde Pública pela Fiocruz, foi diretor da Faculdade de Medicina da UFRJ (2011 – 2020), coordena o grupo de trabalho para o enfrentamento da covid-19 da UFRJ e é membro do comitê para a covid-19 da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro.
O pesquisador tem alertado sobre a frequência com que as pandemias têm aumentado no século 21, quando o mundo já enfrentou surtos internacionais de Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS), Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), Ebola, Gripe Suína e agora Covid-19.
“A frequência e intensidade das pandemias no mundo vêm se acelerando. Precisamos dar um basta nesse modelo capitalista selvagem e predador e nessa desigualdade social. Isso é insustentável com a vida no planeta. Não é uma questão de se teremos outras pandemias, mas de quando teremos”, afirmou o médico em entrevista concedida ao site Medicina S/A.
Medronho classificou o impacto da pandemia no Brasil como “pavoroso” e “dramático”, e disse acreditar que o cenário seria muito pior se o país não contasse com um sistema de saúde público universal. “Se não chegamos a 1 milhão de óbitos é porque temos o Sistema Único de Saúde (SUS)”, disse o pesquisador, acrescentando que municípios com maior desigualdade tiveram maior incidência de Covid-19. “Indivíduos de cor da pele não branca foram mais afetados por óbitos na pandemia. E os de nível superior tiveram maior proteção. Ou seja, essa pandemia tem rosto. Ela é negra e pobre”.
O epidemiologista alerta que a desigualdade e a sustentabilidade são temas que impactam a saúde. “Não teremos paz se não tivermos uma mudança radical na forma de viver, conviver, de produzir e de nos relacionarmos com os animais, com a natureza e principalmente com o outro”.