Publicado em 25/04/2022, no site da UFMG
O Brasil é o segundo país com mais mortes por covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Apesar da diminuição da taxa de transmissão do vírus e do número de novas infecções, hospitalizações e mortes em território brasileiro, a epidemia não acabou por aqui. No último dia 17, o ministro da Saúde anunciou que a covid-19 não é mais uma Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN). De acordo com Marcelo Queiroga a ampla cobertura vacinal no país, hoje na casa dos 75%, embasou a decisão. A exemplo do Brasil, outros países vem relaxando as medidas no combate à doença. Na Europa, por exemplo, desde fevereiro e março, Reino Unido, Dinamarca, França e Espanha reduziram muitas das políticas públicas de saúde que marcaram os anos de 2020 e 2021. Por outro lado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reforçou no dia 13 de abril, a partir de um parecer do comitê de emergências da entidade, que o novo coronavírus ainda é uma Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional e exige cuidados.
O comitê destacou que a circulação do vírus segue ativa e com mortalidade elevada, apesar da diminuição de casos e mortes nas últimas três semanas. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) divulgou uma carta aberta contra a recente medida do Ministério da Saúde, dando ênfase ao posicionamento da OMS e ressaltando o aumento das contaminações nos Estados Unidos e na China. O documento é assinado por mais 14 entidades e movimentos organizados da sociedade civil. Para trazer uma melhor compreensão do atual cenário da covid-19 no Brasil e no mundo, o programa Conexões desta segunda, 25, contou com a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e vice-presidente da Abrasco, Bernadete Perez.
A docente expressou que é com muita preocupação que acompanhou essa decisão do fim da ESPIN, decretada em fevereiro de 2020 com o início da pandemia no Brasil. A professora expôs os efeitos diretos para a população da recente decisão do Ministério da Saúde. “A gente diz que existe uma consequência direta na compra de insumos, equipamentos, medicamentos, na própria logística da capacidade instalada, da logística da imunização, quer dizer, a consequência pode ser gravíssima. Significa acabar com a tramitação para aprovação em caráter de urgência de insumos, inclusive de medicamentos e vacinas e, além disso, induzir a interrupção intempestiva do uso de máscaras em lugares fechados, em ambientes com aglomeração.” Perez também apresentou um panorama detalhado da atual situação da covid-19 no cenário internacional.
Ouça a entrevista completa no Soundcloud.
A Abrasco, Associação Brasileira de Saúde Coletiva, divulgou uma carta aberta contra a recente medida do Ministério da Saúde que pode ser lida na íntegra, clicando aqui. Para acompanhar os números do novo coronavírus, como casos confirmados, óbitos e a média móvel de mortes, tanto nacionalmente quanto nos estados, é só acessar o site do Conselho Nacional de Secretários de Saúde.
Produção: Nicolle Teixeira, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória
Publicação: Alessandra Dantas